O eixo de análise aqui proposto parte do estudo da expansão do agronegócio no
Estado de Mato Grosso (MT) atrelada às ações e estratégias adotadas para o
desenvolvimento da agricultura no Brasil, a partir das décadas de 1960-70. A
importância dessa discussão se dá justamente mediante ao papel que o
agronegócio – num país com raízes coloniais, produtor histórico de matéria-prima
para consumo mundial –, tem assumido no cenário nacional, despontando no
período pós-anos 2000, como um dos principais mantenedores do superávit primário
na economia brasileira, ainda que gerador de muitos malefícios que impactam
diretamente na biodiversidade do país. No âmbito do o Estado de Mato Grosso o
agronegócio tem início com a exploração da pecuária (bovinocultura), voltando-se,
na década de 1980, ao desenvolvimento da agricultura. Desde então, não parou de
crescer, sendo este responsável por praticamente a metade do Produto Interno
Bruto (PIB) do país, com taxas de crescimento superiores a dos outros setores da
economia do estado e nacional. Ao longo deste estudo, foi possível trilhar o percurso
sócio-histórico da formação da propriedade privada da terra, enfatizando o caráter
de expropriação, concentração e centralização de capital até a atual conjuntura.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental de viés exploratório, aliada a
apropriação das abordagens qualitativa. Como resultados foi possível identificar
avanços e retrocessos na questão fundiária da terra no Estado de Mato Grosso e,
sobretudo, estabelecer mediações que permitiram inscrever a realidade concreta
enquanto síntese de múltiplas determinações. Em suma, a dinâmica da acumulação
do capital em Mato Grosso custou vidas de povos indígenas e a expropriação da
força de trabalho, transformando os trabalhadores em operários da indústria da
carne, de grãos. Nessa direção, a expropriação se apresenta como um dos
elementos centrais que traduz o caráter perverso da dinâmica de dominação e
acumulação capitalista.
Dissertações