Este estudo propõe analisar propositivamente de que forma a política social preconizada pela Lei 10.097/2000 vem sendo implementada em Cuiabá – MT no período de 2009 a 2011, frente aos seus limites e possibilidades, sob as perspectivas dos diferentes sujeitos sociais envolvidos: adolescentes aprendizes, representantes das entidades qualificadoras que aderem ao programa, responsáveis pelo processo de aprendizagem da parte prática e órgãos normatizadores e fiscalizadores dessa matéria. O perfil teórico metodológico adotado é baseado no método dialético crítico com o uso dos instrumentais técnico-operativos, estudo bibliográfico, observação e entrevistas semi-estruturadas, realizadas com 13 adolescentes aprendizes, 8 responsáveis/orientadores da empresa onde executa o aprendizado prático, 6 coordenadores das entidades não governamental, 1 coordenador do sistema “S”, e dois representantes dos órgãos de fiscalização: Conselho Tutelar e Superintendência Regional do Trabalho. A discussão teórica parte das categorias centrais, trabalho e adolescência, por entender que, de forma geral, trabalho configura-se como uma das formas de participação na vida social, que deveria ser reservada aos adultos. Porém, isso não acontece: a estrutura econômica altamente desigual em termos da distribuição de renda, associada ao crescimento da população infanto-juvenil, em sua maioria de origem das camadas excluídas socialmente, levou a um aumento dramático do número de adolescentes trabalhadores para garantir a própria subsistência. Portanto, é na realidade do sistema capitalista que se insere a Lei 10.097/2000, que se caracteriza como marco definidor para o trato da questão como política pública focalizada no segmento adolescência. Os dados levantados na pesquisa demonstraram que a política pública de aprendizagem tem abrangido e incluído muitos dos adolescentes cuiabanos no mercado de trabalho através das notificações que a Superintendência Regional do Trabalho tem atuado nas empresas. Contudo, na prática a Lei não vem acontecendo com o vigor esperado. Após 12 anos de sua implementação, os trabalhos dos adolescentes aprendizes continuam sendo executados de forma imprópria e visto como mão-de-obra barata. Pode-se afirmar que a implementação da Lei está ocorrendo de forma lenta, sobretudo por falta de fiscalização dos órgãos responsáveis através de ações voltadas para a formação profissional de adolescentes na condição de aprendiz.