A FRONTEIRA MÉDIO-NORTE DE MATO GROSSO: REGIÃO DE EXPROPRIAÇÃO, ACUMULAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE TERRA

Autor: RAISA RACHID JAUDY

Categoria(s): 2023

Palavra(s)-chave: Acumulação Primitiva. Expropriação. Médio-Norte Mato-Grossense. Questão Agrária.

Este estudo se concentra na análise da persistência da acumulação primitiva na
contemporaneidade, que se materializa na expropriação de terras, particularmente nas áreas
fronteiriças do médio-norte de Mato Grosso, entre os anos de 2010 e 2020. O objetivo principal
que o orientou foi o de analisar o processo atual de expropriação de terras na região fronteiriça
de Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, a partir da articulação entre as políticas
territoriais e agrárias de demarcação de terras na região, revelando suas configurações,
desenvolvimentos e consequências. Seu foco reside na concentração de terras e na perda de
território das comunidades rurais, em relação às suas conexões históricas com a terra.
Reconhecendo a predominância da reprodução social capitalista, esta pesquisa destaca que a
expropriação e a usurpação de terras têm sido estratégias para a expansão desse sistema.
Apoiado na perspectiva do materialismo histórico-dialético na interpretação da sociedade
capitalista, sua realidade complexa multiplamente determinada e a questão agrária nessa
conformação, adota uma abordagem bibliográfica e documental de natureza exploratória,
combinada com métodos qualitativos, buscando traçar o percurso sócio-histórico da questão
agrária, sobretudo no Estado de Mato Grosso, evidenciando a expropriação, a concentração e a
centralização históricas de capital. Os resultados revelam processos de exploração na questão
fundiária em Mato Grosso, destacando as contradições próprias do modo de produção
capitalista e relações derivadas entre terra, poder e capital. A dinâmica da acumulação do capital
no Estado resultou na perda de vidas dos povos originários, submetendo-os a uma lógica
mercantil. A expropriação emerge como um elemento central que ilustra a natureza cruel da
dominação e acumulação capitalista. Os desafios enfrentados pela população rural envolvem
desde o reconhecimento de sua condição desigual, à luta empreendida para garantir o acesso e
o uso da terra para a produção e reprodução de seu modo de vida.

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