A presente dissertação pretende demonstrar a seletividade do sistema penal
brasileiro a partir da análise do perfil dos indivíduos que são alcançados pelos
aparatos de repressão estatal. Para aludido mister a base teórica é de caráter
interdisciplinar, uma vez que, a complexidade da investigação ressente-se do estudo
de mais de uma área do conhecimento para que se estabeleçam premissas para
melhor compreensão do fenômeno da criminalização da pobreza. A construção do
trabalho é erigida a partir da dualidade sistema penal brasileiro e pobreza, que
aparentemente são categorias epistemológicas estanques entre si, que se não inter-
relacionam, e por isso podem ser analisadas separadamente, mas que, no entanto,
uma delas, a pobreza, será o fundamento da outra. Nesse tanto, “pobreza”,
conforme sugere o título desta dissertação, transcende a sua própria significação
literal, e está assentada figurativamente para delimitar a espécie de pobreza da qual
se trabalhará, é dizer, o vocábulo aqui retrata a personificação de uma pobreza.
Assim, o capitalismo, sobretudo na sua feição neoliberal, ante a necessidade de um
mecanismo para controlar suas distorções socioeconômicas, de antemão rotula,
etiqueta e direciona os alvos que serão submetidos ao seu iníquo sistema punitivo.