Essa dissertação analisa o orçamento da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no período de 2003 a 2017, a partir da compreensão de que tais recursos são oriundos do fundo público, enquanto instrumento de efetivação de direitos. Apesar do papel fundamental que as universidades públicas federais exercem e representam para o país, o financiamento dessas instituições tem sido ameaçado por sucessivos cortes e contingenciamentos orçamentários. Assim, o principal objetivo do projeto de pesquisa, aqui apresentado, é analisar o orçamento da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no período de 2003 a 2017, num contexto de expansão de vagas e de crise orçamentária. Para atingir tal objetivo, além da pesquisa bibliográfica, realizamos uma pesquisa documental, que possibilitou analisar a evolução orçamentária da UFMT em relação ao crescimento do número de matrículas; o crescimento da oferta do número de matrículas em relação ao quadro de docentes e de técnicos administrativos da instituição. O que permitiu estabelecer paralelos entre os indicadores e verificar se as evoluções se deram em proporções equivalentes ou não. Verificamos também a ocorrência de contingenciamentos e cortes orçamentários nos orçamentos da UFMT, seus possíveis efeitos nas atividades da instituição e consequências sobre as ações do PDI 2013-2018. O orçamento das universidades públicas federais é, majoritariamente, financiado pelo fundo público, todavia, a pesquisa nos possibilitou entender que grande parte do fundo público vem sendo utilizada para pagamento da dívida pública, e que, com a adesão do país à agenda neoliberal e à Reforma do Estado iniciada na década de 1990, a universidade pública passa a ser um dos principais alvos da contrarreforma. Tais fatores vêm impactando negativamente sobre o orçamento das IFES desde o final da década de 1980 por meio de mecanismos privatizantes, como o FIES e o PROUNI, que entraram em cena numa disputa cada vez maior pela parcela do fundo público destinada às políticas para o ensino superior. No período de 2003 a 2017, enquanto as despesas totais da União com as universidades federais aumentaram em 155,60%, os repasses ao FIES e ao PROUNI juntos, evoluíram em 1.255,75%, deixando claro a preferência do Estado em investir no mercado educacional privado. Não obstante, o REUNI visou instituir um contrato de gestão, característico do modelo gerencial, cujas perspectivas neoliberais responsabilizam a própria universidade pela captação de seus recursos, mediante resultados e cumprimento de metas. Nos governos Lula e Dilma, o financiamento das universidades também não foi prioridade, pois optaram pela manutenção do ajuste fiscal e a implementação de reformas paraassegurar o pagamento da dívida pública. No segundo governo Dilma (2014), o desequilíbrio fiscal levou o país a uma grave crise econômica, iniciando um período de perdas orçamentárias para as IFES. Nossa pesquisa revelou que de 2014 a 2017, as perdas orçamentárias da UFMT acumularam um déficit de -12,19% em custeio, e -87,66% em capital, cujos impactos causaram redução na aquisição de materiais de consumo, impedimentos na retomada de obras paralisadas e supressões de contratos. Quanto ao PDI, o relatório de acompanhamento não apresentou muitas evidências de prejuízos às atividades institucionais em virtude de cortes e contingenciamentos orçamentários.
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