Diante da complexidade dos acontecimentos e articulações ocorridas nas primeiras
décadas do século XXI, esta pesquisa buscou analisar o aprofundamento da pobreza
e da desigualdade social frente às contradições próprias da sociedade burguesa em
um momento de polarização crescente da riqueza na América Latina. Nesse sentido,
propõe analisar como o Banco Mundial e a CEPAL têm apresentado a pobreza e a
desigualdade social na América Latina entre os anos de 2010 e 2021. E como
objetivos específicos pretende identificar o conceito de pobreza apropriado pelo Banco
Mundial e pela CEPAL nesse período; analisar como esses organismos apresentam
os dados relativos à pobreza e à desigualdade no período entre 2010 e 2021; e
identificar como esses organismos apresentam a pandemia da COVID-19 e as suas
consequências no quadro de pobreza e desigualdade na região. Por seus objetivos, é
possível concluir que esta é uma temática de relevância científica e social e com
contornos de originalidade, em especial, porque é uma pesquisa que trata de dilemas
que se colocam como parte do cenário atual, sobretudo, porque estende a sua análise
às questões inerentes à pandemia pela COVID-19 e seu impacto no trabalho, na
miséria e na desigualdade social como um todo. Em seu recorte temporal de 2010 a
2021, exploram-se os Relatórios anuais do Banco Mundial e o Panorama Social da
América Latina publicado pela CEPAL, visando alcançar o debate do aprofundamento
da pobreza e da desigualdade na América Latina, incluindo, no período de pandemia.
Esse direcionamento foi fundamental para o desenho conceitual e metodológico deste
estudo, que se apropriou dos recursos da pesquisa bibliográfica e da técnica de
análise de conteúdo, formulada por Laurence Bardin (2016). O que permitiu explorar
desde as características históricas de dependência da América Latina, passando pelo
estudo da lei geral de acumulação capitalista e do processo de regressão social, até
alcançar o debate em torno da intensificação de esforços do capitalismo para manter
intocada a sua taxa de lucro e de valorização do capital, bem como de seu
consequente produto: o aprofundamento da pobreza e da desigualdade. Assim, as
análises buscaram ultrapassar interpretações imediatistas e, até mesmo, equivocadas
que envolvem a complexidade dinâmica do objeto de estudo. Como resultado,
apontamos que os organismos multilaterais operam para ocultar as determinações e
contradições da sociedade capitalista, naturalizando e legitimando a dominação dos
países de economia central sobre a região, além de desconsiderar e/ou reverter os
antagonismos inerentes ao capitalismo dependente que predomina na região.
Dissertações