MULHERES, RUA E POLÍTICA SOCIAL: CONTRADIÇÕES, DISPUTAS E VIOLÊNCIAS NA REALIDADE DAS MULHERES EM SITUAÇÃO DE RUA DE BOGOTÁ-COLÔMBIA

Autor: ANYI PAOLA MUÑOZ UMAÑA

Categoria(s): 2018

Palavra(s)-chave: Marginalidade urbana, Mulheres em situação de Rua, Política Social e Perspectiva de Gênero, Direito à Cidade

Esta dissertação foi desenvolvida no âmbito da linha de pesquisa Política Social, Estado, Direitos e Movimentos Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Política Social (PPGPS) da Universidade Federal de Mato Grosso – Brasil (UFMT), com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A pesquisa guiou-se pelo objetivo de analisar a relação entre a perspectiva de gênero da política pública para população em situação de rua de Bogotá-Colômbia, com as necessidades específicas das mulheres acolhidas nos programas de atendimento, durante o segundo semestre do ano 2019. A discussão proposta tem-se configurado como uma incógnita na distribuição social e sexual hegemônica do espaço, pois as mulheres em situação de rua, além de viver a cotidianidade íntima, disposta socialmente para a casa, no contexto da rua, cujas práticas de vida nômades e marginalizadas desestabilizam as pretensões de beleza e ordem da cidade moderna; também estão ocupando um espaço a elas historicamente negado: a rua; pelo que podem se agudizar as violências exercidas contra delas. Logo, este estudo analisou as respostas institucionais a essas particularidades, demarcadas na perspectiva de gênero da Política Pública Distrital para el Fenomeno de Habitabilidad de Calle (PPDFHC); para isso, se desenvolveram os seguintes objetivos específicos: primeiro, identificar as condições sócio históricas nas quais se apresentam o fenômeno da população em situação de rua na cidade de Bogotá, colocando nesse percurso qual é a situação particular das mulheres moradoras de rua; segundo, analisar, a partir dos relatos das mulheres atendidas pela PPDFHC, as condições objetivas e subjetivas de existência que caracterizam suas experiências e que definem suas necessidades específicas; e finalmente, analisar a resposta institucional demarcada na perspectiva de gênero da política pública para população em situação de rua, à restituição de direitos das mulheres em situação de rua de Bogotá. A análise de conteúdo foi o desenho metodológico adotado. Realizou-se, ainda, um processo de revisão documental sobre a política pública, para uma análise dos indicadores ou avanços registrados sobre as condições das mulheres que integram esta população. Pensando no reconhecimento das diferentes vozes dos atores implicados, esta metodologia apoia-se em entrevistas semiestruturadas às mulheres e aos funcionários, e de uma observação direta estruturada dos programas oferecidos pela política; processo de coleta de dados que se realizou durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2019. Ancorada em postulados dos feminismos materialistas e decoloniais. Realizou-se uma leitura crítica da ruptura na relação casa-rua e as contradições e violências que impõem sobre os corpos, as relações sexo-afetivas e as estratégias de sobrevivência destas mulheres, em diálogo com seus próprios relatos. Identificando-se, assim, cenários de disputas, contradições e violências particulares, produto de relações sociais de sexo patriarcais, cujas expressões se radicalizam no contexto da rua; realidade que nos processos de atenção da política, quanto a perspectiva de gênero, é secundarizada, pelo qual se desprezam os efeitos que a organização sexual das relações sociais produz no fenômeno, que, na verdade, o atravessam transversalmente.

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